MInha trajetória na fotografia popular se deu muito antes de pensar em fotografar de fato. Sempre fui uma criança muito curiosa sobre tudo e estimulada desde cedo a interpretar o que via ao meu redor com o auxílio de jornais e revistas, mas buscava formas de transparecer isso para que outras pessoas tivessem a oportunidade de enxergar como via os espaços que eu transitava. Meu pai foi a primeira pessoa que enxergou essa necessidade em mim e me incentivou a adentrar na área da fotografia amadora em meados de 2016, ainda com um celular para que eu pudesse registrar as belezas que me cercavam e certas situações que precisavam da minha sensibilidade para entendê-las (e isso eu aprendi com ele também).
Eu só fui encontrar a fotografia popular de fato em 2017, a partir de manifestações populares que ocorreram na Maré por conta de operações policiais violentas e bruscas. Junto a esse ocorrido, a minha atuação e as amizades que conheci dentro dos movimentos sociais das favelas também me (re)educaram muito sobre as questões políticas, humanas e educativas que envolvem a construção da imagem dos nossos territórios para além do que era vinculado na mídia de forma estereotipada e falsa. Eu estava determinada a mudar sso como podia.
Hoje, a minha atuação com a fotografia popular é uma ação política, educadora e humana voltada a destacar a diversidade cultural e os saberes que transitam nas ruas e vielas das favelas, questionar e refletir sobre as injustiças sociais e sensibilizar quem acompanha o meu trabalho quando o assunto se pauta em dignidade humana, cidadania e políticas públicas.