O QUE CAPTURA O OLHAR?
Carioca, 36, Relações Internacionais - O que Captura o Olhar.
Comecei a me interessar por fotografia em 2011 por consequência de uma difícil decisão que tive que tomar: Continuar no RJ ou me mudar para o interior de São Paulo. Escolhi ir para Piracicaba, e nesse período, quando regressava ao Rio de Janeiro, me sentia um turista... o saudosismo do carioca acostumado com praia, chinelo de dedo, samba e cerveja gritava alto de tanta falta que eu sentia da terra natal, e comecei a ver a cidade com olhos de turista. O dia a dia fulgás que antes eu nunca tinha observado, passou a capturar meus olhos através das lentes de uma câmera doméstica, simples, de poucos megapixels para a época.
Em São Paulo, na rua Santa Efigênia, próxima a 25 de março comprei a minha primeira e única câmera profissional e foi quando passei a sair por conta própria, 2 anos depois ao regressar para cidade, para fotografar as paisagens do Rio, isso foi entre 2012 e 2014.
Em 2012 fui apresentado ao grupo de Teatro Tá Na Rua, grupo criado pelo ator, diretor de teatro e teatrólogo Amir Haddad, foi uma excelente escola, com eles fotografei apresentações de rua e tive uma visibilidade bacana nas redes sociais.
Em 2013/2014 começo a conhecer o trabalho da turma do Imagens do Povo, fundada pelo fotodocumentarista João Roberto Ripper e ao mesmo tempo me deliciar com os trabalhos de Pierre Verger, a densidade de Miguel Rio Branco, o olhar sobre a africanidade do Mario Cravo Neto, o Rio de Carlos Vergara, o Círio de Nazaré de Guy Veloso e me apaixonar pela a Umbanda, foi daí que surgiu a ideia de fotografar a festa de São Jorge no bairro de Quintino/RJ em 2014 e assim nasce o projeto Vermelho 23 de Abril. (nome que só foi concebido em 2017)
Vermelho 23 de Abril é um registro de todos os devotos do Santo mais conhecido do Brasil: São Jorge! nas religiões de Matriz Africana sincretizado como Ogum! A ruas do bairro se reúnem em festa e fé e ao fim da tarde uma procissão arrasta seus devotos por 2 ou 3 quarteirões do bairro, daí se vê gente de todo tipo: Umbandistas, Candomblecistas, Católicos e Evangélicos que param para observar a passagem do Guerreiro Jorge pelas ruas do bairro, e eu me deixo capturar o olhar nesse dia 23 de Abril por todos eles. O projeto continua até hoje e já se misturou com uma deliciosa feijoada e bate papo regado a cerveja nas casas que abrem suas portas para os devotos no bairro.
Ainda no ano de 2014, vi uma linda fotografia da sambista Ivone Lara feita em uma câmera analógica e quis saber quem era o dono daquele registro, daí começava uma paixão pela arte do Fotógrafo Walter Firmo, banhei-me em suas águas durante muito tempo e sempre que tentava, não consiga unir tempo e dinheiro ao sonho que tinha de estudar com ele.
Em 2015/2016, namorando o seu site e redes sociais, vi a oportunidade que tanto precisava: Uma oferta de bolsa de estudos na escola Intacta retina e foi assim através de uma análise de portfólio que fui escolhido para ser bolsista em 3 cursos: um com a brilhante Jacqueline Hoofendy, outro com a cria do Mestre, seu filho Duda Firmo e uma leitura de portfólio com Marcos Bonisson! Finalmente conheço Mestre Walter Firmo, Zeka Araujo e colegas de curso talentosíssimos como Marta Azevedo (Black Faces) Monica Leme e Flavia Costa (Banda Mulheres de Chico) e de quebra estudo com três grandes! Sonho realizado!
Em 2018 reuni fotos antigas e novas em uma coleção chamada São Sebastião @_isaacramos e atualmente continuo fotografando o cotidiano Carioca e reunindo acervo para no futuro publicar um livro e exposição sobre @vermelho23deabril e @_isaacramos.