No meu primeiro contato com “Diásporas Africanas na América do Sul – Uma ponte sobre o Atlântico”, fui confrontado sobre que tipo de fotografia estava fazendo, e o que faria dali em diante. Fiquei perdido, e só conseguia me lembrar do samba do Cartola: “Se alguém por mim perguntar/Diga que só vou voltar e depois que me encontrar”.
Fazer fotos tecnicamente perfeitas não era suficiente.
Mergulhei nos trabalhos de W. Firmo, S. Keita, C. J. Williams, J. Medeiros e de Januário Garcia, porém as respostas mais contundentes vieram pela leitura dos trabalhos deste último. E a partir de então recusei toda e qualquer pauta que se orientasse na apresentação das pessoas negras em situação de miséria, marginalidade, dor e violência.
Com Januário @januariogarciaoficial , aprendi a construir uma FOTOGRAFIA AFIRMATIVA, pois assim como a História Ocidental é a História escrita pelos homens brancos que fazem uso das mais atrozes práticas de manutenção de seus poderes, o Jornalismo e a Fotografia também foram compostos este mesmo espírito. Fico imaginando a potência do trabalho de Januário Garcia e o impacto que teve em tantas outras vidas além da minha, fortalecendo e representando o povo negro, lutando na desconstrução de estigmas sociais e do racismo que estruturam a sociedade brasileira.
Nos últimos 50 anos, Januário Garcia tem se dedicado a registrar a vida e a luta do negro nas suas dimensões sociais, políticas e culturais. No Brasil, América Latina e África.
Formado em Comunicação Visual pela International Cameraman School, atuou como presidente do IPCN – Instituto de Pesquisas das Culturas Negras, e é membro do Conselho Memorial Zumbi.