As fotos de Patrick Mendes remetem a uma referência de peso: lembram os retratos de August Sander, na Alemanha, há mais de um século, buscando representar os ofícios e os tipos humanos da época. Mendes retrata o trabalho na comunidade, o vendedor ambulante, o pescador, o serralheiro, as mulheres chefes de família, o rapper, o jovem. Seus registros no Complexo da Maré denunciam o recrudescimento da realidade daquelas comunidades durante a pandemia e resultam em um potente testemunho do atual estado de coisas no Brasil. Na simplicidade da vida daquelas pessoas retratadas está a complexidade de um país extremamente desigual e estruturalmente racista, ao que Mendes responde significando e ressignificando com seu olhar e sua câmera.
Por Estevão da Fontoura.